terça-feira, fevereiro 6

O que há de errado com o aquecimento global?

Fonte : Revista Seleções
Data : Setembro de 1999
Autor : Dennis T. Avery

A última vez que a Terra passou por uma era mais quente, os resultados foram positivos.

Todos nós já lemos histórias assustadoras sobre o aquecimento global. Embora alguns cientistas insistam que há motivo para alarme, as evidências indicam o contrário. O aquecimento global pode estar iminente mas, se chegar, não será necessariamente extremo. E pode, na verdade, vir a ser benéfico para o meio ambiente.
As primeiras visões alarmistas apresentavam modelos climáticos grosseiros gerados por computadores, prevendo aquecimento duas ou três vezes maior do que o atual. Hoje, os cientistas dizem que a temperatura da Terra deve aumentar cerca de 1,7 Celsius durante o próximo século.
Isso pode parecer muito, mas não é. O mundo já passou por um aquecimento semelhante num período bem recente da história. E nós adoramos! Entre os anos de 900 e 1300, a temperatura da Terra subiu cerca de 1,7 graus, segundo o Instituto de Ciência e Medicina de Oregon. Os estudiosos se referem a esse período – um dos mais favoráveis na história da humanidade – como o ideal climático medieval.
Muitos cientistas acreditam que a produção de alimentos aumentou expressivamente porque os invernos eram mais amenos e as estações de cultivo mais longas. Regiões chave para a agricultura sofriam menos enchentes e secas. (As chuvas eram mais freqüentes, mas evaporavam mais rapidamente.) As taxas de mortalidade caíram em muitos lugares, em parte por causa da diminuição da fome e em parte porque as pessoas passavam menos tempo aglomeradas em choupanas úmidas, enfumaçadas, que ajudavam a propagar a tuberculose e outras doenças infecciosas.
A prosperidade estimulou um surto de criatividade – na arquitetura, nas artes e nas invenções práticas. Na Europa, artífices construíram as altas catedrais que continuam a maravilhar turistas até os dias de hoje com sua beleza e engenharia perfeita. No sudeste da Ásia, o povo Khmer ergueu o grande complexo de templos da Angkor Wat. O moinho de vento e a roda de fiar passaram a fazer parte do cotidiano, enquanto novas técnicas de fundição levaram à fabricação de ferramentas melhores.
O comércio prosperou, em parte porque havia menos tempestades no mar. Os vikings descobriram a Groelândia por volta de 950. Fazia tanto calor que os colonizadores sobreviviam criando gado numa região hoje coberta pela tundra congelada.
A agricultura estendeu-se para o norte da Escandinávia, na Rússia e no Japão. Na Inglaterra, as temperaturas eram altas o suficiente para permitir uma próspera indústria vinícola.
Sabemos menos sobre o que aconteceu à América do Norte. O que sabemos é que, aparentemente, nas Grandes Planícies, no vale do Alto Mississipi e no sudoeste chovia mais do que hoje. Além disso, no norte da África há evidências de que o deserto do Saara tenha diminuído em conseqüência do aumento das chuvas.
Havia, é claro, pontos negativos. As estepes da Ásia e partes da Califórnia, por exemplo, sofreram períodos de seca. No entanto, de maneira geral, a experiência medieval do aquecimento global deveria nos tranqüilizar.
Segundo muitos cientistas, os fatos mais recentes apóiam esse otimismo. O aquecimento esperado deve moderar as temperaturas baixas à noite e no inverno, mais do que aumentar as altas temperaturas durante o dia e no verão. Assim, haverá pouco dano para plantas e árvores – ou para as pessoas.
O esperado aumento dos níveis de dióxido de carbono (CO²) em decorrência da queima de combustíveis fósseis poderia criar um ‘paraíso vegetal”. O CO² funciona como um fertilizante para plantas. Mais de mil experiências com colheitas em 29 países mostram que, se a quantidade de dióxido de carbono mundial dobrasse, o rendimento das colheitas aumentaria em 50%. E, com o nível de CO² elevado, as florestas do mundo todo ficariam mais resistentes, o que lhes permitiria sustentar um número maior de espécies selvagens.
A maior parte do custo do aquecimento global alardeado nos anos 80, estimado em um trilhão de dólares, baseava-se em previsões de que lugares como Nova York e Bangladesh seriam inundados pelos mares, porque as calotas polares derreteriam. Segundo os cientistas, esse quadro assustador é falso. Pode parecer paradoxal, mas um aquecimento moderado nas regiões polares – normalmente frias e secas – significaria na realidade mais gelo polar, e não menos. Se as temperaturas subirem alguns graus, haverá mais umidade no ar, mais neve, mais gelo polar.
Os alarmistas também alegam que um mundo mais aquecido poderia estar mais suscetível a climas extremos. Isso também é pouco provável. S. Fred Singer, professor emérito de Ciências do Meio Ambiente, na Universidade de Virgínia, diz: “Podemos esperar que os climas rigorosos sejam menos freqüentes por causa da redução dos gradientes de temperatura do equador aos pólos.”
Em outras palavras, quanto menor a diferença de temperatura entre o pólo norte e o equador, mais ameno é o clima. A maior parte do aquecimento, se acontecer mesmo, ocorrerá próximo aos pólos, com um aumento muito pequeno perto do equador. Assim, a diferença de temperatura que provoca as grandes tempestades será menor.

A história e a ciência da climatologia indicam que não temos nada a temer, a não ser os próprios alarmistas. O aquecimento global no século 21 deve ser modesto, trazendo de volta um dos períodos mais agradáveis e produtivos que os seres humanos – e a natureza – já experimentaram.

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