quinta-feira, setembro 14

Elvis Presley, o rei do rock

Fonte : Revista Seleções
Data : janeiro de 1980
Autor : Jon Bradshaw

Rei do rock, como o chamavam. Elvis o Pélvis, também. E ainda: Swivel Hips ( Quadris Giratórios), Hillbilly Cat (Gato Caipira) e Mamma Presley’s Son (Filhinho da Mamãe Presley).
Vivia em Memphis, no Tennessee, no boulevard Elvis Presley. Tinha 1,83m e pesava 105kg. O cabelo era castanho claro, mas tingido de preto e borrifado com laquê. No auge da carreira, recebia entre cinco e seis milhões de dólares por ano.
Elvis nasceu pouco depois do meio-dia no dia 8 de janeiro de 1935, num barraco de dois quartos em Tupelo, Mississipi. Seu pai lavrava a terra e entregava leite; a mãe era costureira. Teve um irmão gêmeo, Jesse Garon, mas que veio ao mundo morto.
Ensinaram-lhe a dizer “dona” e “seu” e a levantar-se quando os mais velhos entravam na sala. Aos dez anos, ganhou em sua cidade o segundo lugar num concurso, cantando, em pé numa cadeira, “Old Shep” (Velho pastor), sem acompanhamento. Sua mãe juntou dinheiro por cinco meses e comprou-lhe a primeira guitarra que teve. Preço: 12,95 dólares.
Em 1948, os pais foram para Memphis pretendendo mudar de vida. A renda total da família Presley era então de 35 dólares por semana, e o professor de música da oitava série, onde estudava Elvis, afiançou que ele era muito pouco promissor.
Diplomando-se no Ginásio Humes, de Memphis, em 1953, naquele mesmo verão foi trabalhar como motorista de caminhão, ganhando 41 dólares por semana, enquanto estudava à noite visando se tornar eletricista.
Sua primeira gravação como profissional – um disco que continha “That’s all right, mama” (Tudo bem, mamãe) de um lado, e “Blue Moon of Kentucky” (Lua triste do Kentucky), do outro, foi posto à venda em agosto de 1954 na etiqueta Sun. Quando as músicas foram para o ar pela rádio, Elvis escondeu-se num teatro de Memphis, com medo que os amigos se rissem dele. A gravação não fez sucesso e um disc-jockey disse que ele era tão country (música branca no interior dos Estados Unidos) que não dava jeito toca-lo depois das cinco da manhã.
Com tudo isso, Elvis, seu guitarrista e o contrabaixista – um grupo que se intitulava “Blue Moon Boys” – começaram a excursionar pela região rural do Sul e do Sudoeste norte-americano. Por essa época, Elvis não conseguia adormecer sem antes ligar para a mãe. Foi nesse tempo que começou a incluir o famoso gingado de ancas em suas apresentações. Os fãs ficaram siderados. “Não tenho nem consciência de que estou fazendo isso”, afirmou ele, “mas, quanto mais faço, mais eles ficam doidos.”
Apresentou-se então num famoso programa de música country-and-western – o Grand Ole Opry, de Nashville, Jim Denny, que chefiava o cast de estrelas do show, disse-lhe, depois do programa, que era melhor ele pensar em voltar de novo a dirigir caminhões. Elvis voltou a Memphis chorando o tempo todo. Num concerto que deu na Flórida, porém, a assistência de adolescentes rasgou excitada sua jaqueta cor-de-rosa e despedaçou seus sapatos brancos.
No fim de 1955, o duro coronel Tom Parker tornou-se empresário de Elvis e fez um trato com a Sun Records pelo qual a RCA compraria o contrato do cantor pela soma de 25 mil dólares. O primeiro disco dele para a RCA foi “Heartbreak Hotel” (Hotel dor de cotovelo), “Don’t be Cruel” (Não seja mau) e “Love me Tender” (Me ame com ternura), ficaram todos em primeiro lugar. Ed Sullivan, que dissera que Elvis não dava para ser mostrado às famílias, convidou-o para seu programa de televisão, e aproximadamente 54 milhões de telespectadores o viram (embora as câmaras só o focalizassem da cintura para cima).
Tal fato causou reclamações do público. Elvis foi simbolicamente enforcado em Nashville e queimado in absentia em St. Louis. Billy Graham, o famoso pregador norte-americano, afirmou não querer que seus filhos vissem Presley. A Flórida proibiu os seus meneios, e Elvis desabafou: “Todo mundo acha que sou um maníaco sexual, mas eu, afinal, estou sendo apenas natural.”
No fim de 1956, havia cerca de 78 produtos Elvis Presley diferentes no mercado: goma de mascar Elvis Presley, bermudas Elvis Presley, fotografias fosforescentes de Elvis Presley, e assim por diante. Segundo se estima, ele pôs no bolso 100 milhões de dólares só nos dois primeiros anos de estrelato.
Tinha três aviões a jato, dois Cadillacs, um Rolls-Royce, um Lincoln Continental, caminhonetes Buick e Chrysler, um jipe, um buggy, um ônibus transformado por dentro e três motocicletas – além do hábito de presentear amigos com Cadillacs e Lincolns Continental.
Provavelmente o carro de que mais gostava era uma limusine Cadillac 75 de 1960, cujo teto era revestido de Naugahyde (um plástico imitando couro) branco pérola e a carroceria pintada com 40 camadas de uma tinta especial, feita, entre outras coisas, de diamantes pulverizados e escamas de peixe. Os “Cromados” do carro eram quase todos folheados a ouro de 18 quilates; tinha discos de ouro no teto e, nas janelas traseiras, cortinas de lamê dourado. Era ainda equipado com dois telefones rajados de ouro e um estojo de ouro que continha: um aparelho elétrico de barbear de ouro, máquinas de cortar o cabelo de ouro, encerador elétrico de sapatos; e mais uma televisão folheada a ouro, uma aparelhagem de som com um amplificador multiplex, ar condicionado, sistema elétrico para usar qualquer eletrodoméstico e ainda uma geladeira que fazia gelo em exatamente dois minutos.
No fim de 1956 Elvis já era popular demais para poder sair às ruas. Passou então a alugar parques de patinação ou de diversão e cinemas por noites inteiras, e então, com seus amigos, patinava, andava de carrinhos elétricos e assistia a filmes até de madrugada.
No dia 24 de março de 1958, ele, convocado, entrou para o exército, que o considerou fisicamente bem constituído e mentalmente mediano. Ali Elvis, de 100 mil dólares mensais, passou a receber 78 dólares. Era motorista de um jipe, aprendeu caratê e foi promovido a sargento. Recebia com freqüência dez mil cartas por semana.
A 1º de maio de 1967, casou com uma garota de 21 anos, Priscilla Beaulieu, que conhecera quando ainda estava no exército. Nove meses após o dia de núpcias, Priscilla deu à luz o único filho de Presley, uma menina chamada Lisa Marie.
Por toda a década dos 60, Elvis foi o artista mais bem pago do mundo. No ano de 1960, era dele o cachê mais alto jamais pago por uma simples aparição em vídeo até então – 125 mil dólares num Frank Sinatra especial. Vendeu mais de 500 milhões de discos e fez 33 filmes. (King creole era seu favorito; do resto, em geral, ele detestava.)
Entre 1957 e 1967, doou mais de 1 milhão de dólares para fins de caridade e a conhecidos e amigos.
Entre 1961 e 1968, Elvis não apareceu em público e não teve gravações em primeiro lugar nas paradas de sucessos entre a primavera de 1962 e o outono de 1969. Divorciou-se em 1973.
Sua preocupação constante era o peso. Enquanto se assistia representando em filmes antigos, às vezes afundava-se na poltrona e resmungava: “Não, não! Gordo demais, demais!” Mas adorava manteiga de amendoim e sanduíches de banana amassada, banana splits, azeitonas e bacon torrado. Sofria de hipertensão e tinha cólon dilatado (megacolo), leve diabetes e problemas de fígado.
Seu temperamento era violento e ele ficou conhecido por destruir aparelhos de televisão e mesas de bilhar. Colecionava ursinhos de pelúcia.
Quando se apresentava em público, usava um colete a prova de balas; e quando alugava por uma noite um cinema em Memphis, exigia que se revistassem os convidados de seus amigos antes de o filme começar. Além disso, andava sempre cercado por um grupo de 12 guarda-costas. Eram conhecidos como a Máfia de Memphis.
Certa vez, Elvis pegou um resfriado e alguém de seu grupo o encontrou em sua sala de música tocando ao piano “How Great Thou Art” (Que poderoso sois).
Como está se sentindo?”perguntou o esbirro.
“Só”, respondeu o Rei.

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