terça-feira, setembro 12

Seguro morreu de riso

Fonte : Revista Seleções
Data : Julho de 1983
Autor : Dominique Audibert

Preencher o formulário de um seguro de acidente é coisa séria, mas há quem transforme o caso numa loucura engraçadíssima.

A vida nos departamentos de reclamações das companhias de seguros é bastante rotineira. De vez em quando, porém, solta-se uma gargalhada sonora do meio daquela monotonia cinzenta de pilhas de formulários e relatórios. Eis uma amostra dessas “pérolas”, recolhidas na caixa de correio de uma grande companhia de seguros.
Mesmo simples pedidos de informação podem conter surpresas; “Sobrenome: Martin. Nome de batismo: Jules. Nascido: Sim.”
Ou: “Lugar e Tipo de ferimento: Lugar, banco da frente da direita.”
Ou então: “Quanto à data do acidente, foi na sexta, antes de terça-feira.”
A seção da “Situação familiar” também motiva respostas deliciosas, tais como: “Estou casada há 11 anos, com uma criança de seis” e “Eu gostaria de saber se o meu irmão, que não é nem minha mulher, nem nenhum dos meus filhos, pode utilizar o meu carro”.
Um outro pegou a caneta e comunicou: “Uma vez que não sei escrever, é-me impossível fazer uma declaração verbal.”
As descrições de acidentes aparecem nos estilos mais variados.
Confuso: “Eu não vi o carro chegar; quando vi, já não consegui ver mais nada.”
Conciso: “O outro entrou pelo muro, e eu entrei em coma.”
Incompleto: “Um pedestre correu em direção ao meu carro e desapareceu embaixo dele.”
Inacreditável: “O falecido saiu correndo por entre duas filas de carros parados.”
Surrealista: “No momento em que ele estava chegando em casa, vindo do trabalho, meu cachorro atravessou a rua e bateu na frente do carro do Sr. X.”
Desorientado: “Após a colisão, dei comigo sentado em frente da parte de trás do meu carro.”
Apreensivo: “Uns policiais me encontraram numa árvore. Que acha que aconteceu? Será caso de receber indenização?”

Às vezes há testemunhas. Uma delas oferecia ansiosamente os seus préstimos: “Venho testemunhar sobre este acidente que eu não vi nem ouvi.”
Outra, condenatória: “Papai estava com sede. Aí eu lhe passei o garrafão de vinho. Depois, não sei o que aconteceu: o nosso carro foi direto contra uma árvore.”

Algumas pessoas desejam alterar informações nas suas fichas.
A distraída: “Por favor, tome nota do meu novo endereço: eu agora moro mesmo ao lado da minha antiga residência.”
A enigmática: “Em referência aos estragos causados pela água, venho participar-lhes que o meu marido deixou de vez o domicílio conjugal.”
O realista: “Agradecia que segurassem o meu novo carro e que incluíssem ainda no meu seguro o pára-brisa e a minha mulher.”
A inflexível: “Solicito que cancelem imediatamente a apólice da minha moto. Ela já está arrumada e eu para lá caminho.”

Finalmente, há a enorme multidão daqueles que nunca está satisfeitos.
Um segurado confuso: “Não compreendo que sua firma se recuse a tratar do meu acidente só por eu não ter pago o prêmio. Mas eu paguei o do ano passado e não tive acidente nenhum.”
Um cliente propenso a acidentes: “Está certo, eu tive três acidentes em quatro meses, mas vocês sabem que eu sou um bom cliente. Quando a casa se incendiou, a culpa foi do vizinho, e quando o meu garoto derrubou a velhota, ela machucou-se pouco.”
Um descontente: “Depois do acidente, minha mulher piorou. Levem isso em conta.”

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