sábado, novembro 25

O canal do Panamá

Fonte : Revista Seleções
Data : Janeiro de 1974
Autor : Lowell Thomas

Durante séculos, os homens e os governos sonharam com uma passagem que unisse o Atlântico ao Pacífico através do Istmo do Panamá, com os seus 80 quilômetros de largura. Já em 1534, Carlos V da Espanha tinha iniciado um estudo sobre a sua viabilidade. Mas seu sucessor, Filipe II, foi informado das inúmeras dificuldades previstas pelos engenheiros, e decidiu que o projeto era “contrário à vontade divina”. Trezentos anos depois, uma companhia francesa, chefiada por Ferdinand de Lesseps, construtor do canal de Suez, e financiada pelas economias de milhares de franceses, foi levada à “espantosa catástrofe” de uma arrasadora falência.
Uma nova empresa, formada para salvar o que restava, igualmente fracassou e, em 1902, vendeu a sua participação ao governo dos Estados Unidos, por 40 milhões de dólares.
Sentindo-se felizes com o negócio, os Estados Unidos deram um passo decisivo, estimulados pelas constantes exortações de Teodoro Roosevelt, de fazer “acabar com a sujeira”. Parecia incrivelmente fácil, mas nunca, na história da humanidade, qualquer construção tinha enfrentado tão grandes dificuldades. O Panamá, como os construtores do canal logo descobriram, estava empestado de cólera, malária e febre amarela. Depois, o terreno era um viveiro de cobras e insetos, assolado por traiçoeiras correntes, pântanos, areias movediças e ressacas – para não falar nos terremotos e deslizamentos de terra, que chegavam a mover até 55 mil metros cúbicos de terra de cada vez, soterrando casas, trens e pás mecânicas, e exigindo semanas de trabalho para desenterra-las.
Não obstante, o canal foi completado em 1914 – e tão bem construído que ainda serve, hoje, quase da mesma forma pela qual foi inicialmente criado. Tem sido admirado em todo o mundo, e alguém se referiu a ele como “a maior façanha de engenharia de nossa época, o mais generoso impulso ao comércio do mundo que qualquer nação já concebeu para todas as outras nações”.

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