sexta-feira, dezembro 22

A corrida em que todo mundo ganhou

Fonte : Revista Seleções
Data : Fevereiro de 1983
Autor : Frank Sousa, no Union, de Springfield, Massachusets

O grande orgulho dos norte-americanos nas olimpíadas de inverno de 1980, realizada em Lake Placid, estado de Nova York, foi o velocista Eric Heiden, ganhador de cinco medalhas de ouro na competição. Mas os Estados Unidos podiam vangloriar-se de coisa ainda melhor – que, ao que parece, passou despercebida da imprensa, que se concentrou nos grandes vencedores.
Cerca de cinco horas depois de Heiden haver obtido um novo recorde mundial na exaustiva prova de 10.000m, os patinadores ainda competiam na prova de duplas. Ninguém poderia pretender desafia-lo, e os torcedores começaram a deixar a pista.
Alguém lembrou então que a última prova de classificação, que só deveria começar daí a uma hora, só teria um corredor, um sul-coreano de 17 anos que disputava seus primeiros Jogos Olímpicos. Não só não teria ninguém para competir com ele, como aparentemente não teria espectadores. No momento em que soou o tiro de partida, centenas de pessoas tinham resolvido ficar para ver o patinador que havia viajado 16.000km e que não tinha a menor chance de vencer.
Os aplausos começaram quando a prova teve início e continuaram a cada volta do sul-coreano. O rapaz dava tudo que podia, e durante algum tempo teve-se a impressão de que ele estava sendo mais veloz do que Heiden. Não era isso, mas os americanos continuaram a aplaudir. Não estavam sendo contra Heiden; estavam ovacionando um perdedor. Por fim o ritmo dele diminuiu; mas, naquela corrida, todos – o rapaz e os que ficaram para anima-lo – todo mundo saiu ganhando alguma coisa.

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