terça-feira, dezembro 26

Os peixes dormem?

Fonte : Revista Seleções
Data : Julho de 1995
Autor : Doug Stewart

Qual é o animal mais antigo?
E o mais ameaçado de extinção?
E o mais mortífero?
Respostas fascinantes a estas e outras dúvidas freqüentes.

Como a maior parte dos peixes não consegue fechar os olhos, é fácil pensar que eles não dormem, o que é o mesmo que achar que os humanos não conseguem dormir por não poderem fechar os ouvidos para deixar de ouvir. Na verdade, muitas espécies de peixes aproveitam algum tempo do dia ou, mais habitualmente, da noite para entrar num estado semelhante ao sono.
Alguns flutuam; outros descansam no fundo. Algumas espécies chegam mesmo a preparar um lugar para dormir. Os labros se enterram na areia até deixar apenas à vista um pequeno montinho que sobe e desce com sua respiração.
O bodião se esconde no lodo, provavelmente para iludir os predadores. Ao raiar do dia, os cardumes se reagrupam e retomam seu nadar sincronizado.

Que espécie de animal corre o maior perigo de extinção?
Embora não se saiba exatamente, um é um número terrível e é quantas araras de certa rara variedade (ararinha azul) se crê existirem soltas pelas matas. Apenas duas sobrevivem num zôo brasileiro, enquanto se calcula que entre 20 e 30 pertençam a colecionadores privados.
Nos Estados Unidos, o odo, ave outrora abundante, originária da ilha de Kauai, no Havaí, está também reduzida a um exemplar macho, mas que nos últimos dez anos não foi visto por ninguém. Quem sabe se tal espécie já não estará extinta?

Qual o mais danoso animal para o homem?
Não há dúvida: os mosquitos. Calcula-se que, só na África, o parasito da malária transportado pelos mosquitos mate 1 milhão de crianças por ano. Ao longo da história, ele deverá ter aniquilado mais gente que todas as guerras juntas. Os mosquitos são também os portadores da febre amarela e de pelo menos 100 vírus diferentes. No conjunto, essas doenças infectam pelo menos 300 milhões de pessoas por ano.

Qual é o animal vivo mais antigo que existe?
Talvez o gênero animal mais antigo seja Lingula, um crustáceo que possui uma longa extensão semelhante a um braço com duas pequenas conchas numa das extremidades para proteger seus órgãos vitais. Seus registros fósseis remontam a 500 milhões de anos.
A maior parte dos animais vai mudando à medida que o mundo ao redor também se altera. Mas o habitat desses crustáceos, o fundo do mar arenoso e parado, não mudou muito desde a era paleozóica. “Regra geral, quando o nicho ecológico de um animal não sofre alteração, não há pressão para ele mudar”, diz Normam Newell, curador de invertebrados do Museu Americano de História Natural.

Quais os animais com menor e maior tempo de vida?
O tempo normal de vida da efemérida desde que sai do casulo é de apenas algumas horas. Poucas ultrapassam um dia de vida. Elas pertencem à ordem dos apropriadamente denominados insetos efeméridos, ou efemerópteros, e dedicam suas breves vidas a uma única missão desesperada: a procura de um parceiro para acasalamento. Privados de bocas e de estômagos funcionais, nem sequer param para comer.
No outro extremo, o detentor do recorde poderá ser o mexilhão do Ártico. Há notícia de um exemplar que viveu submerso durante 220 anos (isso no caso de se aceitarem seus anéis de crescimento como certidão de nascimento, o que nem todos os biólogos fazem).
O animal mais velho de que se tem conhecimento é uma tartaruga que morreu em 1918. O réptil tinha sido capturado já adulto, em 1766, e morreu 152 anos depois.
Apesar de ter vivido tanto tempo, ela só ultrapassou em algumas décadas o cidadão japonês Shigechiyo Izumi (1865-1866), que poderá ter sido o mamífero mais velho da história.

Qual o animal de olfato mais apurado?
O desempenho olfativo do macho da mariposa saturnídea deve ser difícil de superar. Guiado apenas pelo cheiro, ele é capaz de localizar fêmeas a quilômetros de distância. Não é que estas sejam particularmente odorosas: suas glândulas abdominais contém cerca de um décimo milionésimo de grama do perfume amoroso, o feromônio, do qual apenas liberam uma pequena porção de cada vez. À distância, o mais provável é que as antenas do amante captem não mais que escassas moléculas dele, mas sua atenção está concentrada em detectar o odor de sua fêmea.

Os animais sonham?
Os seres humanos sonham durante períodos noturnos de sono REM (sigla, em inglês, de movimento rápido dos olhos), o mesmo acontecendo com muitos mamíferos e aves. Os cães, por exemplo, rosnam e gemem quando estão no limiar do sono.
Os pesquisadores identificaram partes do mesencéfalo dos gatos que parecem inibir o movimento muscular durante o sono. Quando esses centros são danificados, os gatos interpretam os sonhos com bastante dramatismo, chegando a atacar presas imaginárias.

Que animal possui a melhor audição?
Muitos morcegos tem o ouvido incrivelmente apurado. Um morcego pode se atirar em direção a bolinhas de algodão úmido jogadas no ar num quarto escuro como breu, e se desviar no último instante sem apanhar nenhuma. Tal fato sugere que eles fazem mais do que localizar objetos no escuro. De certo modo, vêem com as orelhas.
Esses mamíferos alados localizam a posição dos objetos pelo eco, a partir do tempo de duração, da força e da direção de sua própria voz. Ao se acercarem de uma mariposa, podem lançar 20 emissões de som por segundo (não se trata de sons audíveis, mas de um zumbido agudo); em seguida interpretam os sinais que ricocheteiam nela e voltam, enquanto a mariposa procura escapar.
Aparentemente, conseguem distinguir a forma de uma mariposa da de uma folha do mesmo tamanho. Podem também calcular a velocidade na qual o inseto se desloca no ar. Talvez até consigam avaliar o ritmo de batimento de suas asas pela análise dos ecos rapidíssimos.
As baleias e os golfinhos também usam a ecolocação, e a zona do cérebro que controla essas funções é de longe muito maior do que a dos morcegos. Mas como se torna mais difícil estuda-los em cativeiro, sabe-se menos acerca de sua audição.

Quem mora em suas pestanas?
Demodex Follicurorum é um minúsculo parente de oito patas da aranha que se aloja nos folículos capilares, incluindo os da base das pestanas. Aí, esses ácaros incubam, copulam e morrem, por vezes em número de meia dúzia por pestana, sem que nunca nos apercebamos disso.
Não incomodam e são completamente benignos. Alimentam-se perfurando as células dos folículos das pestanas com duas minúsculas agulhas e sugando depois o fluído celular a eles necessário.
Talvez seja engraçado descobrir os habitantes de nossas pestanas colocando uma delas recém-arrancada numa gota de água e examinando a sua base, mais grossa, através de uma lente forte.
Os ácaros dos folículos são, porém, largamente ultrapassados em número por congêneres seus que se alimentam das minúsculas escamas de pele morta que se desprendem de nossos corpos dia e noite ao ritmo de dezenas de milhares de minúsculos fragmentos por minuto. Um colchão de casal normal contém nada menos de 2 milhões deles. (Não os confundir com os percevejos, estes muito maiores.)
Bons sonhos!

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