quarta-feira, dezembro 13

Um mero cartão de Natal

Fonte : Revista Seleções
Data : Dezembro de 2004
Autor : Paul Knowles

Pequenas ações podem tocar muitas pessoas

Máxime e eu estamos casados há pouco mais de cinco anos. Casar na nossa idade (com 40 e muitos anos) é o contrário de faze-lo no início da vida adulta. Agora não nos perguntamos mais “Será que vamos ganhar tudo que precisamos?”, mas sim “Como nos livramos de metade do que temos?”
Estamos no afortunado estágio da vida em que não necessitamos de nada. Isso dificulta a vida de quem quer nos presentear.
Essa dificuldade se estende aos nossos oito filhos, dos quais somente dois ainda moram conosco. O restante tem seus lares e parceiros (uma dessas combinações gerou nosso primeiro neto), e alguns acabam de ingressar na aventura da independência. Para esses jovens, cujas idades variam dos 13 aos 27 anos, um dólar ganho é um dólar a ser investido na vida. Assim, na corrida para o Natal de 2002, Máxime teve uma idéia maravilhosa. Dissemos aos nossos filhos que tudo que queríamos de Natal era um cartão.
“Só um cartão de Natal?” foi a reação decepcionada.
“Não. Queremos um cartão que relate algo que vocês tenham feito pela comunidade. Um trabalho voluntário que tenham realizado.”
Eles estranharam um pouco a idéia mas, na manhã de Natal, a maioria se reuniu em nossa sala de estar. Trocaram presentes e depois, um por um, os cartões apareceram.
Um deles contava: “Pelo Natal, enviei uma caixa cheia de brinquedos e gêneros de primeira necessidade a uma garotinha na Guatemala. Comprei livros, canetas, lápis de cor, escova e pasta de dentes, xampu, bonecas, massa de modelar e mais. Foi um sentimento maravilhoso o de ajudar alguém que ia se sentir tão agradecido e feliz. Ainda que seja uma criança que não conheço, sinto que fiz a diferença.”
Outro cartão dizia: “Como um presente para vocês, trabalhei na véspera de Natal na igreja.”
Um de nossos filhos nos deu de presente seu trabalho voluntário na Associação dos Direitos dos Não Fumantes, uma causa que considera importante. Outro cantou no coro da catedral. O caçula nos entregou um cartão que registrava seu trabalho voluntário num programa em favor das Paraolimpíadas O mais velho e sua mulher escreveram: “Em outubro, mandamos um e:mail aos amigos e parentes e lhes dissemos que, este ano, estávamos levantando dinheiro para comprar presentes para o Exército da Salvação. Arrecadamos 385 dólares e presenteamos 18 crianças. Depois enviamos um e:mail de agradecimento a todos que contribuíram, anexando uma foto dos presentes que compramos.”

A sugestão de minha mulher fez a diferença em dezenas de vidas – não menos do que na vida de nossos filhos, que viram, em primeira mão, como é pequeno o esforço necessário para fazer o bem.
As velas e os doces dos Natais anteriores há muito se acabaram – consumidos ou enfurnados em algum lugar. Mas os presentes do Natal de 2002 estão guardados numa caixa especial, para serem repetidamente aproveitados.
E este ano sabemos o que vamos pedir de novo a nossos filhos de presente de Natal..

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