segunda-feira, junho 18

Como ele diz que me ama

Fonte : Revista Seleções
Data : Junho de 2004
Autora : Julie Weingarden Dubin

Não com gestos em público, mas com algo melhor

Estou bem vestida. Meu marido, Bobby, sorri e avança em minha direção. Passa por mim e pega nosso filho, Joshua, de 1 ano e 3 meses, beijando-o 20 vezes enquanto lhe diz que ele está lindo.
Joshua está de pijama sujo; eu estou com um vestido maravilhoso. Será que perdi alguma coisa? Eu gostaria de achar que sou bonita, pelo menos aos olhos de meu marido, mas ele não diz. Tampouco costuma me fazer elogios de outra ordem. E não é do tipo que gosta de ficar abraçado.
Depois de seis anos juntos, isso ainda me chateia, principalmente quando saímos com algum casal apaixonado. Ela ri, ele a abraça, e se esquecem de que estamos à mesma mesa.
Não sei por que meu marido não fica à vontade com demonstração de afeto em público. Por outro lado, não sei por que me importo. Se ele de repente botasse a mão no meu traseiro em plena loja de utilidades domésticas, isso significaria que nossa relação é mais sólida? Duvido.
Mas aposto que seria gostoso. Quanto aos elogios, às vezes fico preocupada com o fato de não ouvir um “querida, você está linda”. Ele diz que me ama...quando eu pergunto.
“Você me ama?”
“Um-hum”, responde ele.
Então, quando acho que estou vivendo com uma pedra, Bobby me surpreende. Viajei há pouco tempo e ele reformou meu gabinete. Pintou as paredes beges de vermelho e renovou a instalação elétrica do cômodo inteiro.
Não é a primeira vez que Bobby fala comigo numa espécie de linguagem silenciosa. Ele faz isso de maneiras refletidas, demoradas: preparando um jantar maravilhoso depois de um dia longo de trabalho ou saindo no frio para comprar sorvete de sobremesa para mim.
Não precisava me surpreender com o gabinete novo. Teria sido mais fácil esperar que eu o ajudasse.
“Por que você se dá a esse trabalho todo?”
“Não sei”, diz ele.
Mas eu sei. Porque me ama.

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