quinta-feira, junho 21

Guarde este pensamento

Fonte : Revista Seleções
Data : Agosto de 1998
Autor : Ron Fitzgerald

Cada pessoa tem de encontrar um santuário pessoal, para cultivar pensamentos positivos.

Eu tinha 13 anos e jogava golfe com meu pai. Para mim, era uma época de agitação adolescente, em busca de realização e reconhecimento.
A excitação dominava-me e fiquei animado quando percebi que uma terceira tacada bem dada me colocaria em ótima posição. Imagine, poderia acertar o buraco com o número esperado de tacadas, um par!
Com um pouco de sorte, poderia até acertar com uma tacada a menos do que o esperado, um birdie!
Meu taco moveu-se. A cabeça foi sem hesitação em direção à bolinha branca. Pimba! A respiração doía-me no peito enquanto a bola se elevou, ficou pendurada durante um segundo agonizante e mergulhou no fosso de água.
Não me irritei; fiquei louco. Bati com o taco na grama verde e suave. Frustrado, castiguei-a várias vezes.
Meu pai observou a cena com ar ligeiramente divertido, que se transformou em preocupação quando viu que eu não mudava de atitude.
“Acalme-se, filho. Castigar o campo de golfe não trará sua tacada de volta.”
Lentamente, ele se aproximou e colocou o braço em meu ombro. Com gentileza e calma, explicou que a fúria descontrolada é tolerância com nossos próprios desejos. Há melhores formas, disse ele, para lidar com a adversidade. Em tempos difíceis, cada um de nós tem de encontrar lugar calmo, um santuário pessoal, para cultivar pensamentos positivos.
“Você se recorda daquela grande tacada na semana passada? Lembra-se de como se sentiu quando conseguiu? Ótimo. Guarde esse pensamento.”
Coloquei nova bola e, em seguida, concentrei-me em visualizar aquela grande tacada que papai recordara. O taco zuniu, a bola decolou. Corri até o alto de uma colina, a tempo de ver a bola cair no green, rolar para a direita, bater no pau da bandeira e entrar no buraco.
Foi um dia histórico. Consegui o meu par. Mas nunca tive a chance de agradecer a papai por me ajudar a encontrar um refúgio seguro dentro de mim, onde pudesse me concentrar em pensamentos positivos e recarregar minhas baterias. Ele não viveu muito depois daquele dia.
Anos depois, quando ajudava a treinar a equipe de esgrima na escola secundária local, cheguei atrasado a uma das competições do campeonato. Minha equipe já estava perdendo de quatro assaltos a um, na rodada de cinco; mais um ponto e estaríamos derrotados. Reuni a equipe e disse que essa pontuação desequilibrada não era culpa deles. Percebera imediatamente algo suspeito no placar.
Em esgrima, um aparato eletrônico é preso ao florete de cada competidor, registrando os toques num painel. Quando um esgrimista consegue um toque, este é registrado pelo piscar da luz do outro esgrimista. Quando os dois se acertam com menos de um segundo de diferença, as duas luzes piscam simultaneamente e cabe ao diretor do torneio decidir qual equipe receberá o toque. Naquele dia, suas decisões estavam sendo parciais e favoreciam a outra equipe. Estimulei minha equipe a se concentrar em mostrar-me uma única luz; a do outro sujeito.
“Vocês se lembram daquele exercício de uma única luz que fizeram tão bem na semana passada?”, perguntei. “Recordam-se de como me atingiram tantas vezes e eu não consegui acerta-los nem uma vez? Guardem esse pensamento, relaxem e deixem fluir.”
Nossa equipe reagiu bravamente, levando o placar final para quatro assaltos contra dois, depois 4 - 3, e chegamos a 4 – 4. No último assalto, a batalha oscilava. Nenhum dos esgrimistas cedia um centímetro. No labelle, o último toque, subitamente um coupé no peito do oponente. Uma luz, assalto, partida, campeonato! O ginásio foi tomado pelas comemorações de nossos fãs.
Cada um de nós tem momentos especiais, em que obtemos desempenho muito acima de nossas expectativas. Meu pai ensinara-me a recordar esses momentos de vitória nas épocas mais difíceis da vida, e a utilizar sua energia positiva para alimentar a determinação de vencer. Um pouco afastado, observei minha equipe vitoriosa formar uma rede com os braços e girar em círculos, para comemorar. E pensei. Obrigado, papai. Essa vitória é dedicada a você.

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