quinta-feira, junho 14

Eu, tu... nós

Fonte : Revista Seleções
Data : Junho de 2004
Autor : vários

Bendito trote
Março de 1990. Eu, 19 anos; ele, 25. Ambos calouros do curso de educação física da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Na primeira semana de aulas o fantasma do trote nos assombrava. Mas os dias foram passando e nem sinal da crueldade dos veteranos.
Segunda semana, terça-feira, disciplina Ginástica I. Surge o professor. Pede a todos que tirem os tênis, distribui bolinha de algodão e propõe uma corrida onde temos de soprá-las pelo chão. A brincadeira teve início. Do lado de fora o professor (na realidade um aluno veterano) ria com os outros que nos observavam pelos vidros das portas, enquanto nós, de quatro e descalços, soprávamos as bolinhas de algodão! Trote aplicado, veio o golpe final: os tênis foram devolvidos com os cadarços amarrados! Ajudei a desatar os nós até que sobraram dois pés distintos amarrados. Um era meu. Um toque no meu ombro revelou o dono do outro.
“Acho que esse tênis é meu.”
Trocamos olhares e sorrisos. Na volta para casa, dentro do ônibus, novamente o toque no meu ombro:
“Posso sentar do seu lado?”
“Claro! Você é o Mauro?”
“E você é a Manuela!”
A partir desse dia nunca mais nos separamos. Foram quatro anos e meio de faculdade. Íamos e voltávamos juntos, fizemos todas as disciplinas juntos, participando dos mesmos grupos, e nos formamos em 1994. Casamos em 2002. Não sei quanto tempo fomos amigos e depois namorados. Só sei que encontrei minha cara metade e que estamos juntos há 14 anos. Bendito trote!
Manuela Silva de Brito
Rio de Janeiro – RJ

Namoro eletrônico
Aos 36 anos, tinha minha vida estável e estava muito bem sozinha. Mas meu irmão mais novo, dizendo que eu só sabia trabalhar e ir para casa, convenceu-me a fazer minha “ficha” num site de namoro.
Descrevi-me como “intelectual que gosta de jogar xadrez, ler, ir ao cinema e ao teatro” e recebi vários e-mail de pessoas de todos os cantos do mundo. Com alguns mantive contato por certo tempo. Mas nenhum me interessou além da amizade.
No dia 16 de março de 1998 recebi um e-mail curto: “Vi seu anúncio, Netto.” Geralmente todos “alardeavam” suas qualidades físicas e intelectuais ao se comunicarem pela primeira vez. Eu nem sabia como responder a algo tão lacônico.
Retornei a mensagem informando que morava em Bauru – SP, no condomínio Flamboyants. Uma informação que não dera a nenhum outro correspondente, pois não queria ser “descoberta”.
Ele me respondeu logo no dia seguinte, enviando um cartão postal (por e-mail) com um buquê de rosas vermelhas e as seguintes palavras: “Moro perto de você. Prefiro conversar por telefone”, e acrescentou o número.
Não tive dúvidas, liguei! Era uma quinta-feira, marcamos um encontro para o sábado seguinte. E foi num chuvoso sábado, 21 de março, que estacionei meu carro na frente da casa de Netto e de lá saiu o homem da minha vida. Foi amor à primeira vista, literalmente!
Tenho em minha mente a imagem daquele homem molhado pela chuva, estendendo a mão para me cumprimentar e dizendo: “Muito prazer. Sou o Netto.”
Daquele dia em diante passamos a nos encontrar freqüentemente e no dia 6 de fevereiro de 1999 nos casamos. Hoje, cinco anos depois, continuo perdidamente apaixonada por esse homem fantástico que a cada dia me mostra algo novo e significativo da vida.
Valéria Maria Sant´ana
Bauru – SP

Tomando conta
Eu morava numa pensão na cidade de Montes Claros (MG) e costumava namorar, respeitosamente, algumas moças que passavam por lá. Certa vez, tive um namorico com uma hóspede novata que, após uma permanência de uns três meses, retornou à sua cidade de origem. Antes de partir, e já saudosa por me deixar para trás, chamou a filha da dona da pensão e lhe fez um pedido inusitado: “Estou partindo. Eu sei que você e Luiz são amigos. Pode tomar conta dele para mim? Só confio em você.” Cordial e sempre solícita, a filha da dona da casa prometeu que atenderia o pedido com muito prazer. E, fiel à promessa, está tomando conta até hoje, desde o nosso casamento, ocorrido há 41 anos.
Luiz Gonzaga de Oliveira
Prado – BA

Reaproximação
Conhecia minha cara metade desde criança. Fui ficando mocinha, mas nunca me interessei por ele, porque não gostava de homem baixinho e do interior.
Aos 18 anos fui para o Rio de Janeiro. Lá arrumei um namorado, do Rio Grande do Sul, com quem casei e tive quatro filhos. Depois de um período curto de doença do meu marido, fiquei viúva aos 25 anos com filhos em idade entre 1 e 6 anos. Voltei para perto da minha família no Nordeste.
Certo dia estava trabalhando na secretaria de um hospital quando, ao levantar a cabeça, vi um homem sorridente, vestido de branco, que não parava de me olhar. Levantei-me e, como que hipnotizada, o coração batendo mais depressa, fui até ele. Depois de 10 anos nos reaproximamos.
A família se opôs ao casamento dele com uma viúva mãe de quatro filhos. Foi preciso muita determinação e carinho, mas hoje, passados 36 anos, temos 6 filhos e nove netos. Somos uma família unida e feliz. Todos os dias agradeço a Deus por ter me dado esse marido, que, apesar dos anos vividos juntos, ainda diz todos os dias que me ama e como sou importante na vida dele.
Maria de Jesus Pinheiro Almeida
São Luis – MA

Brane, Aldo Brane
Trabalhávamos num grande banco. Quando ele passava por mim, sempre com um sorriso amável, chamava-me de “Branca de Neve”, por eu ser muito branquinha. Um dia, como ele era também muito branco, quando veio com o “Oi, Branca de Neve”, devolvi com ironia: “Como se você fosse moreno, não é Algodão Doce?”
Ele sorriu.
Com o tempo, por conta dos apelidos, criou-se entre nós uma afinidade e começamos a sair para lanchar. João era legal, mas bem diferente de mim. Era sério, caladão; eu, alegre, sonhadora. Apesar disso, gostava de sua companhia.
Eu era secretária da agência e todos os dias pela manhã conferia minha agenda, que ficava sobre a mesa. Um dia alguém escreveu ali “Aldo Brane”, e ao lado deixou uma barra de chocolate. E tornou-se um ritual diário encontrar o nome em minha agenda e, ao lado, o chocolate. Até que um dia, passando pelo João, ele olhou-me como nunca havia me olhado e disse:
“Quando a gente se casar, nosso filho vai se chamar Aldo Brane!”
“Você está louco! Que nome horrível! De onde você tirou?”
“São nossos apelidos...”, disse ele, desconcertado com minha desaprovação. “Do apelido que você me deu ´Algodão Doce´, tirei as primeiras sílabas e formei Aldo e do apelido que lhe dei, ´Branca de Neve´, deu Brane... Aldo Brane, entendeu?”
Nesse mesmo dia, antes de dormir, fiquei pensando no João, no tempo que ele ficou juntado nossos apelidos, no tempo que passou pensando em nós, no carinho que nutria por mim... E ali, naquela noite, descobri que ele estava apaixonado por mim, só não teve coragem de se declarar. Depois daquele dia, comecei a tratá-lo diferente, melhor, com mais atenção. Talvez também eu estivesse apaixonada por ele e não admitisse.
Após um ano e oito meses de namoro, casei-me com João no dia 12 de novembro de 1988 e hoje, 15 anos depois, além de Aldo Brane, de 4 anos, temos uma menina, Ana Catarina, de 7 anos, que completam nossa felicidade!
Djanira Luz Ferreira da Silva
Por e-mail

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